Há um lado positivo na solidão...
Não sofro com expectativas.
Aprendi: nada vai acontecer que
transforme positivamente
a melancolia.
Experimento, então, cada dia,
com o corpo aberto para o tudo.
Sabendo que não aparecerá
alguém com disposição de contribuir
para o recipiente que guardo no peito,
reservado à fantasia.
Um vaso infinitamente profundo.
Ele já esteve repleto:
àquele momento, além de romântico,
eu vivia mergulhado na ingenuidade.
Agora, nada. Nem sequer gotículas que umedeçam o fundo.
O meu reservatório de fantasia lembra o leito de um rio ressecado,
usado como estradas por grotescos veículos
transportadores de fétidos detritos.
Ninguém, interessante: a solidão assumida, a tristeza crua,
a feiura dolorosa assustam os seres "normais".
Não guardo lembranças, não tenho esperanças.
Retorno para a teoria.
Que, no meu caso, não apenas especula, sistematiza;
também contempla.
Para contemplar, tenho permissão, pois o faço em silêncio e em segredo:
não represento ameaça.
Resta o nada, que aguarda qualquer coisa....
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