terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Autorretrato

                                                                  Sem legendas...
                                            Observe com alguma atenção.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Leżajsk - XVII ct pipe organ - J S Bach, Toccata and Fugue in d minor, B...

Repetição

Gosto da Tocata e fuga em ré menor de Johann
Sebastian Bach.

Tudo me fascina: o timbre do órgão, a melodia, a
imersão nessa atmosfera na qual Bach nos
projeta.

Sem sublinhar os aspectos particulares da
harmonia no Barroco e as querelas acerca da
autoria.

Refiro-me à experiência sonora em si, deixar-se
para a música e sentir-se revolvido, desde os
poros até a alma. Em momentos assim, minha
solidão entristece, sente-se ameaçada, pois sou
feliz. Repito a música, divago. Suave e profunda
sensação.

No entanto, m., esses momentos passam e o
poderoso trio que me acompanha, trancafia os
acordes, acorrenta as dissonâncias. Juntas,
Solidão, Tristeza e Angústia tocam em uníssono
absoluto, perpetuando uma única nota.

Um acutíssimo intermitente que não se pode
ouvir, uma oitava tão acima da minha limitação
auditiva que só posso sentir com o espírito.

Sua posição nessa escala inumana, sua
intermitência, a persistência no mesmo volume
imaterial, aterrorizante, gera uma repetição
dolorida e cortante como uma lâmina de navalha
que me corta o plexo e só percebo que fui
atacado quando as entranhas me rolam carcaça a
fora, misturando-se com a lama onde chafurdo.

(Para m., com admiração)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ode à desafiante anônima (Apenas sinal de apreço. Sem desafios: prefiro carinhar penteando longos cabelos molhados).



"É bom, estar protegida...
Sinto-me segura, fora das úmidas sarjetas.

Aqui sou examinada e me observam, declaradamente.


Lá fora, tudo parece deserto, mas sei, ... eu sei:
Mil olhos vasculham, vigiam!

Naquele espaço que se abre, o desconhecido ameaça a cada esquina.

Dentro do meu nicho hermeticamente selado,
atrás desse vidro rijo e impessoal, sou inexpugnável.

Protegida... Estou, estou... segura...
...

Não, isso não é uma lágrima... nãão, não; é...
Transpiro, apenas transpiro... Aquecida, é isso, está, essas roupas... Está quente. Melhor, estou aquecida...

Lágrima?
...

Esse sabor de sal que me escorre pela face...
... Se for uma lágrima, vem da minha alma.
Ela sim, incontrolável.

Choro. (Em silêncio).

Basta!

Engana-se aquele que vê mim um fantoche, uma boneca para ser manejada por cordéis!!!
Quero arrancar essas vestes asfixiantes, estilhaçar o vidro puro, destruir a moldura púrpura e caminhar, saltar, gritar impropérios, correr nua pelas úmidas ruas.

Enrubescer olhares perturbados diante da liberdade explicita".


Escrevi, provocado por Warrall, para prestar-te uma homenagem


WORRAL, Mike. Windows of Portent, oil on canvas, 122x12cm, 2008. Disponível em <http://www.mikeworrall.com/gallery_2008.html>  Último acesso 31-01-2010

Os seres humanos devem muito aos artistas.
Não fossem eles, não se conheceria amor como aquele que testemunhamos em La Bohème.  
Ou, como esperar que o vizinho de qualquer um de nós tenha ao seu lado uma Leonore, como aquela doada a Florestan por Bouilly e Beethoven, em Fidelio?
A ficção corporifica um amor que inexiste fora dela.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Sem título

Este é um blog sobre solidão.
Uma vez que as mulheres interessantes estão felizes, bem amadas, permaneço sozinho...