sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Há pessoas que morrem
ao parar de respirar.
Quem vive na solidão,
morre a cada segundo.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Juliana


Vi Juliana.
Ouvi Juliana.
Toquei, respeitosamente, a mão de Juliana.
Ela me ouvia, mas não me apetecia falar.
Quis ouvi-la mais e mais.
Juliana  sorriu. Linda, um sorriso brilhante.
O ciclo dos ponteiros se fechou em sessenta, dilacerando de modo célere aquele momento de felicidade.
Toquei Juliana, sonho, prazer e passado,
Nunca mais retornará aquele fragmento de tempo 
no qual a felicidade estava concentrada.
De volta à solidão, guardo, revolvo na memória.
E sou grato a Juliana por ver em mim um homem, uma pessoa.
Ela me fez  acreditar que eu seria capaz de amar.

sábado, 2 de novembro de 2013

Olhar para lugar nenhum.
Mergulhar dentro de si mesmo.
Esse é destino da pessoa que vive na solidão.
 
A máscara social tenta, e pode ludibriar
o olhar de quem vê um ser emparedado pelo claustro da solidão.
 
Sua alma, no entanto, não passa de um punhado de fragmentos disformes, irregulares.
Resultado do dilacerar imposto pela dor de se saber impotente e incompetente para atrair alguém disposto a compartilhar, ao menos um momento, uma minúscula fração incontável de tempo.
 
Precisamente o tempo que fere, pois repleto, cheio de ausência.

Nenhuma saudade, pois ninguém se aproximou a ponto de deixar traços.
Só a dor do nada.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Vi uma linda mulher,
duas, três, dezenas, milhares.
Não pude descobrir se havia algum ser humano
naquele turbilhão de beleza:
nenhuma delas permitiu que eu me aproximasse;
sou feio.


O Facebook tem um censor automático que discrimina pessoas feias.
Tenho recebido convites enviados por cada figura!
Resolvi questionar algumas interessantes e perguntar por que não me convidam.


Conversa via Skype
Ele: Me convida para um joquinho?
Keira (from Hollywood) Not even in your best dreams!!!
Ele: E por que não?
She: Aren´t you too ugly to ask?
Ele: Concordo. Mas, você não assistiu Shrek? Há beleza dentro da feiura.
She: I don´t care. Give me a break.

End of chatting.
Now he is history; no more facebook, whatsapp, skype, and so on.

Fica ilustrada minha assertiva:
A conjunção de feiura e bom-gosto me encarcera numa profunda e gélida solidão da qual foi bloqueada a porta de saída.

sábado, 5 de outubro de 2013

Há os que pensam que só se está morto quando o ar não preenche os pulmões e o coração para.
Já estive respirando, coração batendo sofregamente, contudo,  morto.
Hoje ainda respiro; caminho por aí, sorrio... parte de mim, no entanto, já morreu. Corre na minha alma um rio de pavor quando rio em segredo da minha infelicidade.
Sou o que me restou.
E sou somente dor...
Tão só que no emaranhado da rede de computadores ninguém lê a minha dor.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A tristeza que resulta da minha solidão tem a textura e a temperatura de uma lâmina afiada de navalha... 

E confirmo a cada dia não haver saída, pois não há mais pessoas disponíveis.
Algumas visualmente interessantes me ignoram, pois me julgam pela feiura.

Sigo só, retalhado a cada segundo pela gélida navalha que rasga quem vive só.
Quando alguém me diz que esteve num lugar com muita gente "bonita", penso perguntar: e havia alguma pessoa por lá?

Daí, não fico triste por não integrar esse contingente de "gente bonita"; e compreendo que estou só porque procuro algo muito difícil: uma pessoa, lá dentro, mesmo que por fora se veja muita beleza.
Acaba-se por descobrir que quando se busca a felicidade não se pode depender de outras pessoas.

sábado, 14 de setembro de 2013

Grito um grito
Ninguém ouve, ninguém quer ouvir.

Grito um grito para dentro d'alma:
uma câmara sonora;
amplia-se em geometria estrelar
a dor profunda de um grito  mudo, invisível.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Volto a escrever
para registrar a ausência
de quem me fez submergir
no poço profundo e espesso da solidão.