Certas pessoas aparecem, assustam-se
e desaparecem como se houvessem morrido.
Não morreram.
Na verdade, elas gostariam me apagar;
como se, para elas, eu não existisse.
Este é um bloco sobre a Solidão. Ela tem sido a minha principal companhia e fez de mim um promíscuo: invadindo minha vida, trouxe consigo a Tristeza e a Angústia.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Venci
O cérebro comunica ao ser humano que ele está ferido através da dor.
Se a ferida é muito grande, como perder um membro, uma parte substancial da sua propriedade corporal, a dor perde função.
Pode-se ver: o membro já não está lá. E o ser violentado já não sente qualquer incomodo físico.
Numa atitude de emergência, o cérebro desliga certas conexões e o amputado desfalece.
A ferida é tão extensa que o deformou, ele já não é mais inteiro, merece ser poupado. E na alma? Como a dor comunica um ferimento na alma?
Para os que não sabem, é um sofrimento intermitente, presente a cada mínima fração do tempo.
Esse resto de mim, portanto, ainda está inteiro, pois sinto essa lancinante dor que me rasga as vísceras da alma.
Assim, infiro: minha solidão não é tão poderosa: ainda registro a sua violência no mais interno do meu ser.
Sorrio, vitorioso.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Vazio Vaso
Há um lado positivo na solidão...
Não sofro com expectativas.
Aprendi: nada vai acontecer que
transforme positivamente
a melancolia.
Experimento, então, cada dia,
com o corpo aberto para o tudo.
Sabendo que não aparecerá
alguém com disposição de contribuir
para o recipiente que guardo no peito,
reservado à fantasia.
Um vaso infinitamente profundo.
Ele já esteve repleto:
àquele momento, além de romântico,
eu vivia mergulhado na ingenuidade.
Agora, nada. Nem sequer gotículas que umedeçam o fundo.
O meu reservatório de fantasia lembra o leito de um rio ressecado,
usado como estradas por grotescos veículos
transportadores de fétidos detritos.
Ninguém, interessante: a solidão assumida, a tristeza crua,
a feiura dolorosa assustam os seres "normais".
Não guardo lembranças, não tenho esperanças.
Retorno para a teoria.
Que, no meu caso, não apenas especula, sistematiza;
também contempla.
Para contemplar, tenho permissão, pois o faço em silêncio e em segredo:
não represento ameaça.
Resta o nada, que aguarda qualquer coisa....
Não sofro com expectativas.
Aprendi: nada vai acontecer que
transforme positivamente
a melancolia.
Experimento, então, cada dia,
com o corpo aberto para o tudo.
Sabendo que não aparecerá
alguém com disposição de contribuir
para o recipiente que guardo no peito,
reservado à fantasia.
Um vaso infinitamente profundo.
Ele já esteve repleto:
àquele momento, além de romântico,
eu vivia mergulhado na ingenuidade.
Agora, nada. Nem sequer gotículas que umedeçam o fundo.
O meu reservatório de fantasia lembra o leito de um rio ressecado,
usado como estradas por grotescos veículos
transportadores de fétidos detritos.
Ninguém, interessante: a solidão assumida, a tristeza crua,
a feiura dolorosa assustam os seres "normais".
Não guardo lembranças, não tenho esperanças.
Retorno para a teoria.
Que, no meu caso, não apenas especula, sistematiza;
também contempla.
Para contemplar, tenho permissão, pois o faço em silêncio e em segredo:
não represento ameaça.
Resta o nada, que aguarda qualquer coisa....
domingo, 26 de dezembro de 2010
Reitero
Esse é um blog sobre solidão.
Elas não me deixam esqueçer.
Navegando por entre minha múltipla companhia feminina, como preso em um tríptico medieval, permaneço em silêncio.
Elas não ouvem meus gemidos e conspiram para impedir que outra me dirija a atenção;
Uma chance? Seria preciso alguém muito especial, muito. Uma feiticeira, talvez...
Condenado, sigo, escrevo.
Ao meu lado, acima, abaixo, dentro das retorcidas entranhas da minha alma,
elas, as três, a Solidão a Tristeza e a Angústia, permanecem, ...
Elas não me deixam esqueçer.
Navegando por entre minha múltipla companhia feminina, como preso em um tríptico medieval, permaneço em silêncio.
Elas não ouvem meus gemidos e conspiram para impedir que outra me dirija a atenção;
Uma chance? Seria preciso alguém muito especial, muito. Uma feiticeira, talvez...
Condenado, sigo, escrevo.
Ao meu lado, acima, abaixo, dentro das retorcidas entranhas da minha alma,
elas, as três, a Solidão a Tristeza e a Angústia, permanecem, ...
Sonho-te sorrindo.
Há aqueles que destroem.
Ainda adorados, sobrevivem nas almas que dilaceraram.
Seguem assim, não passam: permanecem por muito, destroçando flores.
Ser, no sangue de outra pessoa pode significar mergulhar na alma: sentir o cheiro, o sabor mais visceralmente teu, misturar-se na sua totalidade.
Imerso na profundeza da sua rubra e espessa seiva na qual a luz material não penetra, descubro a luz que pulsa na sua ameaça de sorriso.
Uma luz interior, que plana acima da fisicalidade;
Aquela luz que se afasta de Prometeus, protegendo-o dos mais sagazes olhos das aves de rapina, regenerando a mancha sangrenta durante a noite sombria...
Como saciar com palavras o desejo de palavras, de alguém que as conhece tanto?
Há um dia, porque houve uma noite:
noite, esse lugar das trevas, ambiente das sombras.
O lugar que criou o Tempo, pois sem as trevas que encobrem a luz com o seu espesso véu, a vida seria um interminável dia e não haveria tempo;
Sem sombras: um único, eterno e estático evento.
Sem palavras,sem poesia, sem poetas,
sem mulheres poetas.
Todo poeta deveria inspirar-se nos gregos antigos e escrever uma Ode, sem o preconceito de Platão!
Uma Ode, à sombra...
Ler uma mulher poeta...
Ainda que esteja encoberto pelo lodo da solidão,
aparecem-me surpreendentes e límpidas rajadas de felicidade:
uma mulher poeta me enviou palavras.
Uma dádiva, receber palavras de uma mulher poeta.
Apenas tangenciei o mundo das sombras.
Elas nem sempre despertam a atenção,
mas revelam inexoravelmente o que se vê.
Vivo nelas mergulhado e essa é a face interessante da dor.
aparecem-me surpreendentes e límpidas rajadas de felicidade:
uma mulher poeta me enviou palavras.
Uma dádiva, receber palavras de uma mulher poeta.
Apenas tangenciei o mundo das sombras.
Elas nem sempre despertam a atenção,
mas revelam inexoravelmente o que se vê.
Vivo nelas mergulhado e essa é a face interessante da dor.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Mistura e dor
Três horas dentro da madrugada, e vou escrever sobre companhias femininas.
Poderosas, apossaram-se de mim: não ficaram contentes com aproximações e progressivamente penetraram minha alma.
Meu corpo exala seus cheiros agudos, pontiagudos.
Cravaram suas garras de felinas selvagens e suas presas de serpentes venenosas.
Um veneno sutil que não mata, corroendo interna e lentamente.
Passa agora, das três horas.
Os três fantasmas materializam-se na minha dor.
Sendo só, vivo na cortante promiscuidade da “trigamia”; durmo, acordo, ando, como, durmo, sonho – tenho pesadelos.
Mesmo acordado, vivo um Day-dream de pavor; continuo com três mulheres:
A Solidão, a Tristeza e a Angústia.
domingo, 19 de dezembro de 2010
Minha companhia
Neste blog, cujo tema é a solidão, estou diante
de um paradoxo:
Tenho companhia de três figuras “femininas”;
Como sou heterossexual (sem preconceito),
pode soar
incongruência.
Fácil de explicar...
Minhas constantes companhias:
A Solidão, ela mesma, a Tristeza e a Angústia.
Lembra Lorca, eu sei...
Como em Bernarda Alba, fechei janelas e
portas. Como a
casa senhorial na qual a matriarca encarcera
sua prole, tive
muitas portas e janelas.
Deliberadamente, cerrei uma a uma.
Quem sabendo que eu lá estava lançava olhar
para dentro, não me interessava.
Permitir que ultrapassasse as portas, não
conheci ninguém
que mereça.
Sozinho eu não fico, nem hei de ficar,
pois tenho a
solidão para ser meu par...
sábado, 18 de dezembro de 2010
Sobre Solidão
Este é um blog sobre solidão.
Sei que você está feliz, bem amada...
O blog será minha única companhia.
Sei que você está feliz, bem amada...
O blog será minha única companhia.
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