segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ode à desafiante anônima (Apenas sinal de apreço. Sem desafios: prefiro carinhar penteando longos cabelos molhados).



"É bom, estar protegida...
Sinto-me segura, fora das úmidas sarjetas.

Aqui sou examinada e me observam, declaradamente.


Lá fora, tudo parece deserto, mas sei, ... eu sei:
Mil olhos vasculham, vigiam!

Naquele espaço que se abre, o desconhecido ameaça a cada esquina.

Dentro do meu nicho hermeticamente selado,
atrás desse vidro rijo e impessoal, sou inexpugnável.

Protegida... Estou, estou... segura...
...

Não, isso não é uma lágrima... nãão, não; é...
Transpiro, apenas transpiro... Aquecida, é isso, está, essas roupas... Está quente. Melhor, estou aquecida...

Lágrima?
...

Esse sabor de sal que me escorre pela face...
... Se for uma lágrima, vem da minha alma.
Ela sim, incontrolável.

Choro. (Em silêncio).

Basta!

Engana-se aquele que vê mim um fantoche, uma boneca para ser manejada por cordéis!!!
Quero arrancar essas vestes asfixiantes, estilhaçar o vidro puro, destruir a moldura púrpura e caminhar, saltar, gritar impropérios, correr nua pelas úmidas ruas.

Enrubescer olhares perturbados diante da liberdade explicita".


Escrevi, provocado por Warrall, para prestar-te uma homenagem


WORRAL, Mike. Windows of Portent, oil on canvas, 122x12cm, 2008. Disponível em <http://www.mikeworrall.com/gallery_2008.html>  Último acesso 31-01-2010

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